*Louis Juson

Mais uma vez estou indo para a Cidade de Möolichit...

Parece que foi ontem que estive aqui...
Na verdade lembro apenas meus momentos mais ternos e felizes que pude sentir com Julia!
Julia estava atarefada naquele dia que nos conhecemos... Seus cabelos longos amarrados para o lado, seu rosto suado pelo trabalho pesado da limpeza do chão da Pensão... Ela me olhou discreta e manteve-se no trabalho.
Coisas ruins haviam acontecido comigo, havia chegado na Cidade de Möolichit faziam poucos dias. Os dias em Tignarr haviam passado... Lembro que fui preso, torturado por aqueles que um dia haviam salvado-me das mãos de Menduzel...
Menduzel! Um nome do passado que assombra minhas lembranças.
O que realmente houve naquela Praça? Como alguém poderia ter matado Bondade? Por que alguém iria fazer tal coisa? E quem foi que fez isto? Estas perguntas estavam escondidas em algum lugar de minha memória.
O Místico Feiticeiro do Castelo Von First, Olzir Al Mahaquir usou todos os seus poderes para encontrar as respostas mas ele apenas descobriu que eu não havia cometido o crime e que estava bêbado demais para compreender.
Depois houve a revolta dos Cavaleiros que foram solidários a Hencker Von First, porém todos foram mortos... Fui levado novamente preso e uma sombra apenas restou em minha mente. Nada lembro daqueles dias...
Foi então que passados alguns anos que me vi diante de um novo momento... Um momento de alegria! Coisa que de fato nem mais lembrava a sensação.
Julia foi a inspiração para este momento.
Logo parei de beber e aos poucos voltou minha autoestima. Julia correspondia aos meus olhares, sempre ocupada não sobrava tempo para conversas ou sequer um instante de descontração.
Mas um dia resolvi ajuda-la e então sobrou tempo para conversarmos...
Ela me contou sua história...

"Quando eu ainda era criança, morava em Tygnarr, antes da Princesa Bondade ser cruelmente assassinada, eu brincava com ela e as Princesas, inclusive Dejanira... Tudo era tão feliz!
-Foi tudo tão rápido e hoje quando lembro aqueles dias percebo que tudo foi preparado por alguém muito misterioso...
-Lembro que minha mãe estava triste porque havia brigado com Papai. Eu quase não via ele... Na verdade mal lembrava do rosto dele...
-Havia muita gente correndo nas ruas de Tygnarr, mamãe ficou curiosa e foi falar com alguém no quartel dos Cavaleiros... Depois ela voltou e arrumou as malas e não demorou para sairmos da cidade escoltadas por dois cavaleiros... Fomos para Larempuque na casa do Cavaleiro Mygo de Larempuque. A esposa dele, senhoa Licércia, era Mestiça, meia Humana e meia Tymoriana. Ela era bem alta e forte... Ficamos apenas esperando não sei quanto tempo... Mãe e Dona Licércia recebiam cartas, mas elas nunca falavam nada para nós as crianças...
-Um dia chegou o mensageiro... Elas não estavam então, eu abri a carta e li...
("Licércia estou voltando com Jean e alguns sobreviventes. Preparasse para o pior... Nosso amado amigo Hencker morreu no combate contra o Rei Marcos... Todos os cavaleiros estão mortos e agora estamos sendo caçados por traição... Vamos nos encontrar daqui três dias no Porto dos Thrumann... Vamos para Tulssaba e lá pediremos ajuda para seus parentes... Não deixe os outros saberem... Avise Salvo Tess apenas e diga para ele assumir nosso Armazém... Pegue apenas o que dá para carregar...")
-Quando li aquela carta fiquei com muito medo e coloquei de volta no balcão... Dona Licércia não teve tempo de ler a carta pois algumas horas depois os soldados do Rei chegaram e prenderam todos apenas eu e minha mãe conseguimos escapar e nos esconder. Depois fugimos para os Pântanos perto de Vista Yll... Lá minha mãe morreu e eu fui escrava de um Pirata que serviu-se de meu corpo como bem quis...
-O Pirata que me usava também foi o executor de minha mãe. Encontrei em suas coisas pessoais uma carta de contrato onde o selo dos Thrumann provava o mandante do assassinato de minha Mãe... Foi assim que eu o matei... Depois fugi daquele Navio e no Porto dos Corvos consegui entrar em um outro Navio que vinha para Möolichit, viajei clandestina exprimida no porão do Navio junto com sacos de batatas colhidos nas Fazendas do Círculo Camponês... Foi quando cheguei aqui em Möolicht e desde então, trabalho aqui nesta Pensão dos Luquége com o nome falso de Julia Brown. Eu busco informações sobre meu Pai junto com a Peregrina Onorina Telles que tem me ajudado desde que cheguei. Sei que ele não morreu... O nome dele continua nos anúncios de procurados espalhados pelas Tabernas em todos os lugares... "

Notei que lágrimas corriam naquele rosto lindo! Ela estava com um brilho intenso em sua aura... Ela possuía o poder do Sopro e notadamente não havia percebido isto... Ou fingia...
Assim todos os dias conversávamos e cada dia eu ficava mais apaixonado por Julia...
Naquela noite havia silêncio no quarto e ela tinha luz em seu corpo... Não resisti e deixamos nossos corpos dançarem em frêmitos de carícias e amor...
Foram dias inesquecíveis!
Muitas perguntas haviam ficado no ar e uma delas quem era o Pai de Julia... E quando ela me disse que era filha de Jean Buljan, quase desmaiei com as batidas aceleradas do meu coração... Jean Buljan foi o mais forte dos Cavaleiros de Tygnarr. Jean Buljan era o braço direito do Duque Hencker Von First e o segundo em comando das Cavalarias Honoráveis de Unlai e Querjila, todas subordinadas ao Duque Hencker Von First.
Lembrei de Julia ainda menina correndo com a Princesa Bondade no Pátio do Castelo Von First quando lá fui pela primeira vez. O Duque disse que sempre que eu precisasse poderia ir falar com ele...
Mesmo quando fui reconhecido como suspeito da morte de sua filha o Duque Hencker Von First me tratou com justiça, temperamento peculiar do agora falecido Duque.
O Duque foi um daqueles amigos que encontrei na minha longa vida neste Mundo...

Um dia Julia disse que havia tomado uma decisão e que estava indo embora... Ela ia seguir o caminho dos Peregrinos de Larr e foi morar na Cidade de Istat junto com os Peregrinos da Irmandade da Luz. Continuei em Möolichit apesar de triste e solitário... Foi quando voltei a encontrar Ilda Holtz... Estava bêbado e sentado no cais do Porto de Möolichit quando uma sombra cobriu Argos em frente de meu rosto...
Ilda Holtz estava como sempre esteve, sem nem uma ruga, nem um sinal dos quase quarenta anos que não via aquela mulher estranha que vinha e sumia de minha vida.
Friamente me perguntou como eu estava e se havia encontrado o meu Livro. Todas as perguntas estavam ali... Sim! Ilda Holtz era minha pergunta mais antiga... Quem ela era? Por que aparecia em minha vida de tempos em tempos? Mas ela apenas me abraçou e pude sentir o frio de seu corpo...
Depois de curar minha bebedeira, Ilda Holtz me contratou para uma missão simples de ir com ela para a Vila da Ponte como acompanhante. Foi quando voltei para Vila da Ponte depois de anos...
Havia mudado aquele lugar, mais casas e a Rua principal estava pavimentada... Fomos para a Taberna dos Apressados. O lugar mais antigo da Vila da Ponte... John Fill Brown ainda era o dono, ele nos atendeu e logo Ilda Holtz sumia como era comum com aquela mulher... Fiquei ali sentado e bebendo... No outro dia recebi uma carta, John Fill Brown me entregou sem nada dizer...
"Querido Louis! Fique alojado na Taberna. Logo voltarei. E quando voltar lhe contarei o que realmente esta acontecendo."

Um, dois dias e o tempo ia passando e fiquei trabalhando na Taberna, já que meus Naclos estavam zerados...
Teobaldo Thrumann o Ferreiro da Vila estava sempre na Taberna depois de seu turno de Trabalho na Ferraria. Ele usava todo seu talento de orador e promovia a ideia da Vila da Ponte tornar-se uma Cidade.
Ele dizia que estava chegando a hora do povo da Vila da Ponte ser autônomo. Não ser mais subordinada a Cidade de Lenat e ao Barão Pércos Lerói Lebluche. Os discursos de Teobaldo eram animados e recebiam aplausos e depois todos iam para casa...
Eu estava sentado na frente da Taberna naquele dia de chuva intensa quando um vulto de pequena estatura chegou na Vila da Ponte indo na direção da Ferraria... Estranhamente aquele pequeno estranho não veio para a Taberna... Assim passavam meus dias... Apenas observando os que aqui passavam... Uma carroça trazia novos moradores para a antiga Pensão dos Brown... Parece que uma mulher havia alugado de John Fill Brown aquele casario antigo e estava reformando...
Minhas lembranças estavam apagadas... Comecei escrever exercendo meu Ofício... Mas coisas recentes haviam morrido de minhas lembranças... Sei agora que até Julia havia desaparecido de meus sentimentos e memória destes já passados dois anos e pouco que nos separamos. Minha doença é também meu destino o esquecimento mantem-se ativo... Nunca consigo lembrar daquilo que é importante. Quero resolver meus Enigmas e sair desta agonia eterna, porém, parece que cada dia me afundo mais neste poço de mistério.

Mais um discurso de Teobaldo sobre a emancipação da Vila da Ponte, alguns ficaram conversando com ele e entre eles estava Viorius Thrumann que descobri era primo de Teobaldo. "-Pois pude ouvir toda a conversa!" Viorius Thrumann iria viajar para Lenat e buscaria apoio com o Sindicato dos Comerciantes de Lenat. A ideia era mostrar uma cópia de um documento que provava que as terras da Vila da Ponte pertencia legalmente a Família Thrumann moradoras na Vila da Ponte desde a sua fundação. E propor uma sociedade entre as partes, assim em troca o Sindicato apoiaria os Thrumann na negociação com o Barão de Lenat.
No dia seguinte bem cedo pude ver Viorius Thrumann seguir a cavalo para Lenat.
Pois neste mesmo dia conheci aquele que se tornaria meu amigo aqui na Vila da Ponte. O Feiticeiro Nefermandias...
Enquanto eu e Nefermandias conversávamos a puta Lícia Lebluche entrava faceira na Taberna ia para os fundos onde John já esperava. Isto sempre era assim nos dias de pouca freguesia...
Foi quando entrou aquela mulher assustada querendo falar com Nefermandias... Educadamente Nefermandias pediu que eu deixasse a mesa para a mulher falar com ele... Os dois conversaram por um bom tempo e a mulher entregou uma carta para meu recente amigo. Nefermandias explicou que aquela mulher era uma antiga namorada...
Aquele rosto me era familiar... Eu conhecia aquela mulher mas não lembrava de onde...
Logo tudo se esclareceria... Ela era Julia, minha amada Julia! Estava um pouco diferente, talvez um disfarce e minha maldita doença impediram de lembrar dela no primeiro momento. E Nefermandias havia mentido sobre ela ser uma antiga namorada para proteger a identidade dela na Vila da Ponte.

Então tudo começou acontecer novamente... A morte voltou sondar meu caminho...
Aos poucos Nefermandias foi me contando sobre tudo e logo eu estava ajudando minha eterna amada...
A morte das irmãs Telles de forma cruel e aparentemente sem sentido confundi-se com os discursos de Teobaldo Thrumann... A chegada de vários forasteiros na Vila da Ponte fazendo perguntas e se entrometendo nos assuntos da Vila da Ponte deixavam tudo ainda mais confuso...
Demétrios Nhun Rich um Necromante estranho também havia chegado e fazia muitas perguntas e queria saber de coisas de meu passado. Aos poucos ele se revelou um grande amigo e de forma leal ajudou Nefermandias nos Combates que tivemos que travar contra os Assassinos contratados pelo Sindicato dos Comerciantes de Lenat. Descobrimos que Viorius havia sido assassinado em Lenat e que um dos Líderes do Sindicato estava entre nós. Ivan Luquége veio tratar do acordo com Teobaldo escondendo seu verdadeiro interesse de tomar posse do documento original de Teobaldo sobre a legalidade da propriedade das terras da Vila da Ponte.
De fato descobrimos que estas terras foram dadas ao Patriarca William Trumann em troca da construção da Ponte e que seu herdeiro que aqui ficou e fundou a Ferraria, era de fato o dono destas terras. Porém nada justificava a morte das irmãs Telles. Pelo menos foi o que pensamos...
Nefermandias astutamente propõe um encontro com nossos amigos... Sophinne Quickfoot que era filha de Viorius Thrumann, apesar de não ter um bom relacionamento com o Pai e contrariada, foi uma das vitimas desta trama que acabou custando a morte de sua Mãe Eleonora e de seu Pai Viorus. Foi Sophinne que após matar a Assassina de sua mãe que traz os indícios do que se escondia em um véu de mistérios... Sophinne havia sido envenenada com um veneno raro e conhecido apenas por Necromantes, coisa que Demétrios Nhun Rich logo decifra, assim aparece uma fresta na cortina que escondia a verdade na Vila da Ponte... Outra amiga que contribuiu muito foi Jatrina Mac Penn que junto com Julia protegeram o menino Filandros Telles, meio irmão de Julia. O motivo de Julia ter vindo para a Vila da Ponte foi exatamente o menino Filandros e sua Mãe Délcia Telles. Ao tentar contato com seu Pai Jean Buljan, Julia acaba descobrindo que Jean Buljan ao fugir teve um filho com Délcia Telles e que seu Pai pedia a urgência de protegê-los.
Ao descobrir um dos Assassinos das irmãs Telles chamado Stebam, Nefermandias consegue um nome importante desta trama. Ivan Luquége. O administrador do Sindicato dos Comerciantes de Lenat, encarregado de negociar com Teobaldo... Nefermandias levou Stebam para indicar quem era Ivan Luquége... Stebam acaba escapando e não conseguimos encontrá-lo, porém depois vimos ele conversando com Ivan Luquége deixando evidente seu envolvimento, logo depois Stebam some na multidão.
Nefermandias fez contato com Ivan Luquége, convidou ele e seus capangas para posarem na Pensão de Julia. Ivan aceita e lá Nefermandias, Sophinne, Jatrina e Julia interrogam o esperto Ivan Luquége que acabou morto e seus dois capangas presos.  Nefermandias e eu juntamos todos nossos conhecidos de confiança, entre eles os dois primos Tymorianos Lamassu e Andarilho (sisma), o Caçador Ed Hummer e o leal Anão Cunder Tess... Seguindo nossos instintos encontramos o corpo da mãe do menino que até então não havia sido encontrado, Nefermandias tinha encontrado a Tia do menino, porém, depois de salvar o menino da morte optou em prender Stebam e deixar o menino Filandro em segurança e não vasculhou a casa abandonada da Fazenda Medinara e o lugar onde aconteceu o crime. Quando estávamos voltando fomos atacados por vários Assassinos que estavam escondidos para uma emboscada contra nós. O que os bandidos não contavam é que eles também foram surpreendidos pelos amigos Cunder Tess e os dois primos Tymorianos  e o Caçador Ed Hummer que chegaram naquele local justamente no momento da emboscada.
Logo decidimos seguir para o cemitério e no trajeto Nefermandias e Demétrio sentiram uma presença estranha e mágica observando...
Quando chegaram no cemitério onde a outra das irmãs Telles estava sendo velada, o Capitão da Guarda da Vila da Ponte queria nos prender pelo envolvimento dos crimes e que o Comando de Lenat estava chegando e ele teria que prestar contas sobre tudo que havia acontecido. Cunder Tess alterado diz para o Capitão que o melhor a fazer era abrir caminho para nós passar, caso contrário haveria um massacre inútil e desnecessário. O Capitão ficou com medo e resolveu deixar nós em paz...
Demétrio Nhun Rich pede para fazer um ritual de chamado... Chamar o espírito da mãe do menino para saber o que havia acontecido... Quando estava preparando o ritual Demétrio e Nefermandias sentem a presença decrépita de um Místico Necromante muito poderoso e arrogante...
Demétrio suspende o ritual e todos nós ficamos preparados para o pior... No entanto, apenas o vento fazia seu ruido naquele lugar...
Entendemos que precisávamos proteger aquele menino e juntos fomos para a Pensão onde Julia havia ficado com o menino Filandros... Sophinne começa a ter dores violentas do veneno oriundo daquela arma estranha usada pela a Assassina de sua Mãe. Jatrina usando os poderes de cura nota que já não estavam bastando e todas as poções de cura disponíveis já haviam sido consumidas... Enquanto Demétrio e Jatrina tentavam curar Sophinne os dois Tymorianos guardavam a entrada da Pensão. Nefermandias e eu junto com o Anão Cunder levamos os dois capangas para o Capitão que ouviu os depoimentos e deu como resolvido o caso. Afinal com onze bandidos mortos, dois presos, o menino salvo, para o Capitão o caso tava resolvido.
Julia então usando todo seu poder de Peregrina do Larr e Jatrina Mc Penn também usando o mesmo poder de Peregrina do Larr conseguem eliminar o veneno que estava matando Sophinne. Demétrio Nhun Rich depois de testar seus conhecimentos descobre que aquele tipo de veneno, chamado "Jédrun Decrépitus", era usado somente pelos Necromantes Nefastos ou Sacerdotes da Tyss.
Sophinne estava estranha, calada... Nefermandias também ficou calado e apenas os Tymorianos conversavam com o amigo Cunder Tess do lado de fora... Jatrina cansada havia adormecido do lado do menino, eu e Julia ficamos abraçados e cochichando um para o outro matando nossa saudade...

Já estava amanhecendo quando o Anão Cunder Tess nos acordou dizendo que tínhamos que sumir dali, pois as tropas da Rainha haviam chegado na Cidade e estavam prendendo todo mundo. Nos despedimos e novamente eu estava sem minha Julia... Nefermndias e Demétrio Nhun Rich seguiram para a Cidade de Constância em busca de orientação dos Mestres de Demétrio sobre a obscura aparição na Premunição dos dois quando estavam no Cemitério. Sophinne foi para a Cidade de Lebluche. Jatrina seguiu comigo para a Ponte, porém ela seguiu para Istat e eu fiquei aqui em Möolichit. Julia e o menino Filandro ficaram com o Anão Cunder e os dois Tymorianos que seguiram para o litoral, parece que o Anão Cunder conhecia um Pirata que ajudaria eles.
E assim foi tudo que pude lembrar sobre minha estada na Vila da Ponte.

Perdi o tempo que já estou aqui em Möolichit... E sabendo de minha doença do esquecimento... Fiquei deprimido novamente e acabei bêbado... Fui roubado e perdi meus pertences todos...

Foi quando caminhando sem rumo nas Ruas de Möolichit ouvi o som de música suave e aquilo acelerou meu coração... Vinha de um Prédio reformado perto do Porto... Me aproximei e li a placa... "Taberna do Pirata Albino"
Fiquei atordoado... Eu conhecia este apelido. Mas de onde?
Fui entrando e lá contei meia duzia de clientes. Um velho de cabelo branco tocando piano... um instrumento muito raro por aqui. Fiquei ouvindo...
Quando me preparava para sair, pois não tinha nem um Naclos no bolço, alguém segura meu braço e tudo ficou escuro...

Abri os olhos e notei que estava em um pequeno quarto... O cheiro de cebolas e o barulho atras da parede denunciava que ali do outro lado da parede havia uma cozinha...
Levantei e fui até uma porta e justamente o que havia era uma cozinha. Uma mulher de uns vinte e poucos anos lavava a louça e me vendo sorri dizendo que eu tive sorte pois outros levam um dia para acordar...
E foi assim que consegui o emprego na Taberna do Pirata Albino... Matilda disse que precisava de um ajudante e aceitei.

Havia ficado na minha mente aquele rosto redondo de bochecha vermelha, sim foi aquele imbecil que estava entrando na Taberna quem havia me nocauteado. Perguntei como era o nome dele para Matilda e ela me aconselhou para esquecer de Gil kickass...
Continuei recolhendo os pratos e copos, contudo, algo me incomodava e fui tirar satisfações do Gil Kickass...
-Então você me nocauteou sem sequer anunciar... Posso saber a razão?
Ele não respondeu e apenas tive tempo de curvar a cabeça para desviar do soco que ele mirou em meu rosto... Agora eu estava atento! E enquanto ele me xingava e errava os socos, eu esperei sua guarda ficar aberta e mirei seu nariz grande e redondo... Foi um estouro e o sangue correu pelo balcão e na mesa próxima...
Ele caiu desmaiado.

Uma voz quebrou o silêncio que se seguiu...
-Uma rodada de Bebida para todos por conta da casa... Por minha conta Matilda!
Olhei e lá estava ele... John White!
Como eu pude lembrar dele depois destes anos todos eu não sei. Mas o fato que alguém tão velho como eu estava ali... John White!
O Pirata Albino! Assim foi apelidado depois que o Presidente Malaquias Thrumann perdeu o poder.
Fiquei quieto enquanto ele cumprimentava seus conhecidos. Ele depois de algum tempo foi atá a cozinha onde eu lava os pratos...

-Louis Juson! Você não mudou nada desde a última vez que nos vimos.

Conversamos durante um bom tempo... Ele queria saber o que eu havia feito e depois ficou sério e disse algo intrigante...

-Juson? Você ainda não recuperou a memória?

Respondi que não... Ele então disse que tinha um emprego especial que seria ideal. Perguntei o que seria, porém ele vira-se saindo da cozinha, respondeu sem que eu pudesse argumentar...

-Termine sua tarefa com Matilda, amanhã conversamos bem cedo!